O ano já começou aqui no Espaço Perifatividade Círculo de Cultura!!

Há quem pense que o ano só começa depois do Carnaval, mas aqui no Círculo, desde janeiro estamos de portas abertas: nos reunindo, nos planejando para o ano que vai chegar, sem deixar de atender à todas e todos que colam em nosso espaço da melhor forma.

Porém, é hoje que começam as procuradas matrículas para os nossos 08 cursos do espaço, totalmente gratuitos: Audiovisual, Dança do Ventre, Defesa Pessoal, Direitos Humanos, Espanhol, Graffiti, Inglês e MC (Rap e Funk com conteúdo voltado para o ECA) são os cursos oferecidos pelo Espaço, que já tem uma turma formada, com um Sarau lindo que marcou esse momento! (veja como foi aqui)

E sábado, dia 24, será o primeiro Sarau Perifatividade do ano! 2018 definitivamente será um ano de muita luta, e para que nossas lutas se transformem em conquistas, precisamos estar cada vez mais unidxs, sobretudo a quebrada! Vamos então unir esse povo de luta e de arte no primeiro Sarau #Perifatividade de 2018?!
Helipa vai chegar em peso sábado, dia 24/02, às 18hs aqui no Espaço Perifatividade Círculo de Cultura!! Lançando seu novo livro “Multiversos”, chega nosso irmão Escritor Fanti toda bancaD’grand’stilo! No audiovisual, vamos conferir o clipe “Cria do Mundo” dos manos do Poder De Expressão, que vem com um pocket juntão com Policeno, além do show dos parças do ALIADOS DA SUL, que vem lançar o excelente CD “Faculdade das Ruas”.
E você, vai encostar também? Então só chegar na Rua Dr. Benedito Tolosa, 729 – Parque Bristol
“É o Sarau do Perifa em atividade, seja bem vind@ e fique muito à vontade”

Perifatividade nas Escolas: CIEJA Parque Bristol!

Quando chegamos a uma escola que parece que já nos esperava há muito tempo, e nos recebe imensamente bem, qual é o sentimento para descrever tudo isso?

Maravilhados. Assim ficamos quando chegamos ao CIEJA Parque Bristol e fomos recebidos de uma forma que nos surpreendeu pelo carinho, pelo reconhecimento e por termos uma história. Há alguns anos queríamos fazer ações no CIEJA e não conseguimos. Agora, estávamos lá, onde a gestão e o elenco de educadores também queriam estar com a gente! E tudo rolou lindo: participação massiva dxs estudantes e professorxs, um Sarau dinâmico e para abrir com chave de ouro nossas ações nesta escola a partir dali. Esta será mais uma das unidades escolares que iremos trabalhar A poética dos Direitos Humanos II!

Confiram as fotos por JC e Paulo Rams.

 

Sarau Perifatividade na Biblioteca: Outubro 2016

14581303_1298833526794569_8112150968245027732_n

No dia do professor, pouquíssimo tem a se comemorar diante de retrocessos na educação vindo a galope, orquestrados pelo presidente golpista Michel Temer e também por deputados da mesma laia. Escola sem Partido (de esquerda), Reforma do Ensino Médio e PEC 241 são alguns dos retrocessos, somados à reorganização da Educação estadual pelo governa a dor Geraldo Alckmin, privatizações e até militarização da educação por outros Estados. Tem que ter MUITO debate e MUITA luta. Por esses motivos, o Coletivo Perifatividade convidou parceiras e parceiros querid@s da luta que virou (e vira) SP e o Brasil, encabeçada pelos guerreiros estudantes de luta! A galera da Escola de Luta Raul Fonseca chegou junto para participar desta conversa, junto com o professor de sociologia (uma das áreas diretamente afetadas pela Reforma do Ensino Médio) desta escola Luiz Calvvo além dos manos do grupo DI Mandê, que tambem são professores da rede pública e estão na luta pela educação e pela cultura e resistência do Rap Nacional. O debate rendeu? Como sempre, faltou tempo para tantas ideias pesadas! Para musicar este Sarau lindo e importante, Dimandê mandou muita música de luta para aquecer nossos ouvidos e corações! Mês que vem estaremos novamente na Biblioteca Amadeu Amaral pelo Programa Veia e Ventania! Acompanhe a agenda do Perifatividade aqui na página! Confira as fotos por Joao Claudio De Moura Sinto

Meu amigo, Paulo Freire!

​Em comemoração aos 95 anos de nosso grande mestre Paulo Freire, dedicamos este lindo texto de Ruivo Lopes à todxs que lutam e acreditam em uma educação genuinamente libertadora! Resistiremos sempre e jamais deixemos de lutar!
MEU AMIGO, PAULO FREIRE!
Espero que esta carta o encontre bem!
Na última vez em que eu o ouvi, fiquei muito comovido quando o senhor disse que estava muito cansado, embora estivesse muito feliz em estar vivo e morreria feliz em ver um Brasil em seu tempo histórico cheio de marchas, mas as “marchas dos que não tem escola, marcha dos reprovados, marcha dos que querem amar e não podem, marcha dos que se recusam a uma obediência servil, marcha dos que se rebelam, marchas dos que querem ser e estão proibidos de ser…”, como o senhor disse, “as marchas são andarilhagens históricas pelo mundo”.  Já se passaram alguns anos desde aquela última vez, de lá pra cá, demos alguns passos e, devagarzinho, o mundo vem saindo do lugar. 
O senhor, como sempre, pondo-me a pensar. Como um homem que conheceu tão bem a nossa gente, que conviveu tanto com a nossa gente, que conversou tanto com a nossa gente, que pensou tanto com a nossa gente, que se dedicou a vida inteira a nossa gente, pudesse estar cansado… cansado e feliz? Afinal, é a tua gente o motivo da tua felicidade, amigo Paulo! 
É por isso que os donos do poder atentam contra a tua gente, como se fossemos uns “desabusados… destruidores da ordem”, quando na verdade afirmamos que “é preciso mesmo brigar para que se obtenha o mínimo de transformação”. O teu desejo, o teu sonho, era o de que as marchas dos “sem” acontecessem para nos afirmarmos como gente e como sociedade querendo democratizar-se.
O senhor que nos agraciou com a mais potente “Pedagogia do Oprimido”, elevou a “Educação como prática da liberdade”, e estimulou a “Ação cultural para a liberdade”, fez da “Pedagogia da autonomia” um norte, no qual “a leitura de mundo precede a leitura da palavra”, sem abrir mão da “Importância do ato de ler”, nutrindo-nos de “Pedagogia da esperança”.  Nem a perseguição, nem a prisão, nem a censura, nem o exílio o cansaram, por que então estaria cansado, quando mais precisamos da vitalidade do senhor?
Meu amigo, Paulo. Preciso contar-lhe algo surpreendente, o surgimento de um movimento novo protagonizado por jovens cheios de vitalidade e alegria em defesa da educação pública. Veja o senhor. Apesar da dilapidação da educação e do descaso com a escola pública promovidas pelas aves de rapina do neoliberalismo, estes estudantes disseram: basta! Não só disseram como também tomaram o destino da escola pelas próprias mãos. Estes estudantes secundaristas de escolas públicas de São Paulo mobilizaram-se e ocuparam as escolas estaduais contra a intransigência política e o autoritarismo mais atroz dos mandatários de plantão da Secretaria de Estado da Educação do Governo de São Paulo. Estes mandatários queriam a todo custo promover uma desorganização do sistema misto do ensino fundamental e médio na mesma unidade escolar. Além de separar os estudantes, irmãos e irmãs, amigos e amigas, em anos diferentes, estes mandatários anunciaram o fechamento de escolas e iriam aumentar ainda mais a quantidade de estudantes por sala de aula, prejudicando ainda mais o processo de aprendizagem da turma de educandos, como também de educadores que ficariam, como já acontece, pressionados entre carteiras e lousas nas salas de aula superlotadas. 
Amigo, Paulo. O senhor, depois de andarilhar com os oprimidos pela America-Latina, Europa e África, foi Secretario de Educação da cidade de São Paulo, dialogando com todo mundo disposto a falar e também a ouvir. Ninguém mais do que o senhor sabe o valor da fala do oprimido que ao falar denuncia sua opressão e ao fazê-lo conscientiza-se “da tomada de decisão de intervenção no mundo”. O senhor que como Secretário Municipal de Educação acabou com as “delegacias de ensino”, porque delegacias são de polícia e não de ensino, e criou os Núcleos de Ação Educativa, unindo prática e reflexão pedagógica com e entre educadores e educandos. O senhor ficaria feliz se pudesse estar aqui para conferir a vitalidade, a disposição, a coragem e o sorriso que só a meninice consegue nos agraciar. Esses meninos e meninas que ainda estão se fazendo gente passaram noites em salas e pátios de escolas ocupadas, organizaram-se para a limpeza, para alimentarem-se, para promover a própria segurança, realizaram assembléias, discutiram os feitos do dia e planejaram o dia seguinte, e assim “contrariam as estatísticas”, tomando para si a possibilidade de decidirem sobre o próprio futuro. 
O senhor nunca deixou que esquecêssemos que não há possibilidade de educação apartada da cultura e que não há cultura apartada da educação. Sabemos que a truculência e a ideologia da ditadura militar nunca permitiram que a escola fosse um centro cultural de aprendizagem mútua e que anos mais tarde, a truculência política impediu que nossa amiga Marilena Chauí, então Secretária Municipal de Cultura, ao teu lado, fizesse das casas de cultura da Cidade de São Paulo, espaços educativos de modo que escolas e casas de cultura complementar-se-iam tal qual Cultura e Educação devem complementar-se, emaranhar-se, de modo que o sujeito da cultura e da educação seja os educandos. 
Em uma escola ocupada e gerida pelos estudantes, prestigiei uma apresentação de teatro cujo mote era a rebelião dos trabalhadores cansados da opressão dos patrões. Vi amigos dos estudantes promovendo oficinas de estêncil, comunicação alternativa, cartazes, capoeira, música, sarau de poesia e etc. Vi pais e mães ao lado dos filhos e filhas, juntos, e não era nenhuma reunião de pais e mestres, ou seja, não havia obrigatoriedade, e sim a participação compromissada tão desejada da comunidade na vida escolar. Vi professores e professoras dialogando em profunda comunhão, chamando os estudantes pelo primeiro nome e sendo chamados pelo primeiro nome, aprendendo juntos a conviver fraternamente como sempre desejamos. Vi pessoas doando livros, mantimentos, produtos de limpeza e etc., como demonstração de apoio aos estudantes. Vi pessoas dispostas a dialogar com os estudantes sobre consenso, organização, feminismo, negritude, direitos lgbt, direitos humanos, educação popular e etc. Vi pessoas disposta a ajudar de qualquer forma, a ouvir o que os estudantes tinham a dizer e simplesmente estar ali, solidarizando-se. E numa das escolas ocupadas, vi no pátio, bem ao fundo e no alto, o teu retrato mais bonito, como se estivesse olhando a e por todos nós, testemunhando o movimento da história e feliz por estar presente. Posso imaginar o senhor sentado ali, junto com os estudantes, muito a vontade entre a tua gente, trocando histórias com eles como se estivesse ao pé de uma mangueira. 
A cegueira e a surdez política dos mandatários burocratizados do Estado enchem os brutos de orgulho muito mais do que bom senso. É espantoso como um aparato tão poderoso da educação pode ser manipulado por mandatários inescrupulosos e belicosos que, sem nenhuma vergonha, declaram “guerra” ao bem mais preciso da educação que é os estudantes, sujeitos da educação, sem os quais a Secretaria de Estado da Educação não passa de uma ostra moribunda, ensimesmada, destinada a prisão ao próprio casco. O Estado declarou “guerra” aos estudantes por estes recolocarem na ordem do dia a educação pública. Na ausência de dialogo, o Estado respondeu declarando a mais bestial “guerra” suja!
Amigo, Paulo. Os estudantes tomaram as ruas da Cidade para buscar dialogo com cidadão e cidadãs ainda penetráveis pela sensibilidade necessária que nos irmana a todos. As polícias agiram como os mais ferozes, sedentos e bestializados cães raivosos a serviço dos poderosos. Contra a imposição da desorganização escolar, os estudantes respondem com a afirmação de que “não tem arrego”!
Como o senhor bem disse, “é preciso ir além da passividade com uma postura rebelde e criticamente transformadora do mundo”. Estes estudantes ainda pouco o conhecem, mas o senhor ficaria feliz em conhecê-los.
Estes estudantes escreveram aquilo que pode vir a ser os novos rumos da educação pública. Nem eles, nem a sala de aula, nem as escolas que foram ocupadas serão as mesmas. Como o senhor, eu também estou feliz por testemunhar a vitalidade da história, que não está determinada, mas que ainda está por se fazer. 
Mando notícias em breve!
Abraço do amigo de sempre,
Ruivo Lopes
P.S. 1: permita-me pelo profundo respeito e admiração o chame nesta carta carinhosamente de “senhor”.

Acompanhe a programação especial de aniversário do grande mestre aqui