Perifatividade junt@o com Mães de Maio em Memória dos 10 anos dos Crimes de Maio

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I ENCONTRO INTERNACIONAL DE MÃES E FAMILIARES DE VÍTIMAS DO ESTADO DEMOCRÁTICO

Por ocasião do aniversário de 10 anos dos Crimes de Maio, a maior chacina praticada por agentes estatais na história contemporânea do Brasil, nós do Movimento Independente Mães de Maio convidamos toda a Rede Nacional de Familiares e Amigos de Vítimas do Estado Democrático e demais parceiros nacionais e internacionais, de todas as horas, para realizarmos juntxs um grande encontro formativo e organizativo de nossas lutas em comum contra o genocídio do povo negro, indígena, pobre e periférico no Brasil e no Mundo. Com o tema “Justiça, Reparações e Revolução”, nossa proposta é que possamos trocar ideia sobre as nossas trajetórias e experiências de luta até aqui, fortalecemos a nossa organização autônoma, e pensarmos juntxs os próximos passos de nossa luta comum.

O Encontro ocorrerá entre os dias 11 e 13 de Maio, em diversos espaços na cidade de São Paulo. A quarta-feira (11/5) será marcada pela chegada, acomodação e credenciamento de todos os participantes, a apresentação do Encontro e as primeiras trocas de ideia; no segundo dia (12/5) aprofundaremos as discussões temáticas em GTs compartilhados, e na parte da tarde faremos o pré-lançamento simbólico do Memorial dos Crimes de Maio e das Vítimas do Genocídio Democrático, no Centro Cultural do Jabaquara; e no terceiro e último dia de Encontro (13/5), faremos a plenária final na parte da manhã no Salão Nobre da Faculdade de Direito do Largo São Francisco até o início da tarde, fechando o dia com a saída do “Cordão da Mentira” pelas ruas do centro da cidade, com o tema “Pelos 10 anos dos Crimes de Maio e todas as Vítimas do Genocídio Democrático” e “Contra a Falsa Abolição”.

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Diversas atrações culturais negras, populares e periféricas estão previstas para ocorrer durante toda a programação. Estamos, ainda, vendo com as torcidas Pavilhão 9 e Gaviões da Fiel a possibilidade de realizarmos uma atividade cultural especial, junto com eles, na Quadra dos Gaviões, em Homenagem a todas as Mães e Vítimas da presente Era das Chacinas, na noite da Quinta-feira dia 12/05, com a presença do rapper Eduardo e vários outros guerreiros e guerreiras do Hip-Hop Organizado.

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Na sequência deste Encontro, algumas de nossas companheiras e companheiros seguiremos para o Rio de Janeiro para somar nas atividades propostas por nossas irmãs e irmãos da Rede Contra Violência e Fórum de Juventudes do RJ no Sábado e Domingo (dias 14 e 15/5).

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA ABAIXO:

QUARTA-FEIRA (11/5)

MANHÃ – A partir das 8hs:  Chegada, Acomodação e Credenciamento dos Participantes no Hotel San Raphael (Largo do Arouche – São Paulo-SP)

TARDE – A partir das 14hs: Abertura Oficial do Encontro com as Apresentações Iniciais, Intervenções das Mães de Maio, Rede Contra Violência, Fórum de Juventudes do RJ, Mães Mogianas, Mães de Osasco e de outros Estados e Convidadas Internacionais

NOITE –  A partir das 19hs: Programação Cultural – Sarau com Coletivos Periféricos de São Paulo e as Mães do Brasil e Internacionais
Dia 11, o Coletivo Perifatividade mais diversxs parceirxs estaremos com as Mães de Maio e Mães da Palestina!
Para relembrar o mês da Nakba e firmar a importante ação de solidariedade internacional entre os movimentos sociais, o Movimento Palestina Para Tod@s e o Mães de Maio realizarão um Sarau com Coletivos Periféricos de São Paulo e as Mães do Brasil e Internacionais amanhã (11), no Al Janiah – Rua Álvaro de Carvalho, 190 – Centro

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REALIZAÇÃO: MOVIMENTO INDEPENDENTE MÃES DE MAIO E REDE NACIONAL DE MÃES E FAMILIARES DE VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA DO ESTADO

APOIO LADO-A-LADO: REDE CONTRA VIOLÊNCIA (RJ), FÓRUM DE JUVENTUDES RJ, MÃES MOGIANAS, MÃES DE OSASCO E BARUERI, ANISTIA INTERNACIONAL BRASIL, JUSTIÇA GLOBAL, TORCIDA PAVILHÃO 9, TORCIDA GAVIÕES DA FIEL, ASSOCIAÇÃO CAPÃO CIDADÃO, PONTE JORNALISMO, CORDÃO DA MENTIRA, MEMÓRIA VIVA, PORTELINHA, SARAU DA COOPERIFA, COLETIVO PERIFATIVIDADE, QUILOMBAQUE PERUS, MOP@T, MÃES GUARANI KAYOWÁ, MÃES DOS SECUNDAS EM LUTA, MOVIDA-COLÔMBIA, CARAVANA 43 (AYOTZINAPA MÉXICO), UNEAFRO-BRASIL, COLETIVO D.A.R., MH2O – MOVIMENTO HIP-HOP ORGANIZADO, FÓRUM DE HIP-HOP DO MUNICÍPIO DE SP, QUILOMBAGEM, ARTICULAÇÕES CONTRA O GENOCÍDIO, EDUARDO, EMICIDA & FIÓTI, CAMPANHA JOVEM NEGRO VIVO, ASSOCIAÇÃO BEM COMUM, BLOCO ILÚ OBÁ DE MIN, COLETIVO FALA GUERREIRA, STUDIO FRIDA, ÚTEROURBE, NENÊ SURREAL, CSP-CONLUTAS, QUILOMBO RAÇA E CLASSE, LUTA POPULAR, UNIFESP-BAIXADA SANTISTA, C.A. XI DE AGOSTO, SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA, COORDENAÇÃO DA JUVENTUDE, SECRETARIA MUNICIPAL DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA, COORDENAÇÃO DO DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADE E TODO O NOSSO EXÉRCITO DE LIBERTAÇÃO DE FILHXS GUERREIRXS.

As quebradas levantam a voz: #periferiascontraogolpe

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Manifesto #PeriferiasContraOGolpe
Manifesto #PeriferiasContraOGolpe – ATUALIZADO COM ASSINATURAS
Assine aqui http://goo.gl/forms/uRO7OhHkuf

“Periferias, vielas, cortiços… Você deve estar pensando o que você tem a ver com isso”

Nós, moradoras e moradoras das periferias, que nunca dormimos enquanto o gigante acordava, estamos aqui pra mandar um salve bem sonoro aos fascistas: somos contra mais um golpe que está em curso e que nos atinge diretamente!

Nós, que não defendemos e continuamos apontando as contradições do governo petista, que nos concedeu apenas migalhas enquanto se aliou com quem nos explora. Nós, que também nos negamos a caminhar lado a lado de quem representa a Casa Grande.

Nós, periféricas e periféricos, que estamos na luta não é de hoje. Nós, que somos descendentes de Dandara e Zumbi, sobreviventes do massacre de nossos antepassados negros e indígenas, filhas e filhos do Nordeste, das mãos que construíram as grandes metrópoles e criaram os filhos dos senhores.

Nós, que estamos à margem da margem dos direitos sociais: educação, moradia, cultura, saúde.

Nós, que integramos movimentos sociais antes mesmo do nascimento de qualquer partido político na luta pelo básico: luz instalada, água encanada, rua asfaltada e criança matriculada na escola.

Nós, que enchemos laje em mutirão pra garantir nosso teto e conquistar um pedaço de chão, sem acesso à terra tomada por latifundiários e especuladores, que impedem nosso direito à moradia e destroem o meio ambiente e recursos naturais com objetivo de lucro.

Nós, que sacolejamos por três, quatro horas por dia, espremidos no vagão, busão, lotação, enfrentando grandes distâncias entre nossas casas aos centros econômicos, aos centros de lazer, aos centros do mundo.

Nós, que resistimos a cada dia com a arte da gambiarra – criatividade e solidariedade. Nós, que fazemos teatro na represa, cinema na garagem e poesia no ponto de ônibus.

Nós, que adoecemos e padecemos nos prontos-socorros e hospitais sem maca, médico, nem remédio.

Nós, que fortalecemos nossa fé em dias melhores com os irmãos na missa, no culto, no terreiro, com ou sem deus no coração, coerentes na nossa caminhança.

Nós, domésticas, agora com carteira assinada. Nós, camelôs e marreteiros, que trabalhamos sol a sol para tirar nosso sustento. Nós, trabalhadoras e trabalhadores, que continuamos com os mais baixos salários e sentimos na pele a crise econômica, o desemprego e a inflação.

Nós, que entramos nas universidades nos últimos anos, com pé na porta, cabeça erguida, orgulho no peito e perspectivas no horizonte.

Nós, que ocupamos nossas escolas sem merenda nem estrutura para ensinar e aprender. Nós, professoras e professores, que acreditamos na educação pública e não nos calamos e falamos sim de gênero, sexualidade, história africana e história indígena – ainda que tentem nos impedir.

Nós, que somos apontados como problema da sociedade, presas e presos aos 18, 16, 12 anos, como querem os deputados.

Nós, cujos direitos continuam sendo violados pelo Estado, levamos tapa do bandeirante fardado, condenados sem ser julgados, encarcerados, esquecidos, quando não assassinados – e ainda dizem: “menos um bandido”.

Nós, mulheres pretas da mais barata carne do mercado, que sofremos a violência doméstica, trabalhista, obstétrica e judicial, e choramos por filhos e filhas tombados pelo agente do Estado.

Nós, gays, lésbicas, bissexuais, travestis, homens e mulheres trans, que enfrentamos a a violência e invisibilidade, e não aceitamos que nos coloquem de volta no armário.

Nós, que não aceitamos nossa história contada por uma mídia que não nos representa e lutamos pelo direito à comunicação. Nós, que estamos construindo, com nossa voz, as próprias narrativas: poesia falada, cantada, escrita.

Nós, que sempre estivemos nas ruas, nas redes, nas Câmaras, na cola dos politiqueiros de plantão e que agora somos taxados de terroristas por causa de nossas lutas. Nós, que aprendemos a fazer até leis para continuar lutando por nossos direitos. Nós, que garantimos a duras penas o mínimo de escuta em espaços de poder, não aceitamos dar nem um passo atrás.

Nós, que somos de várias periferias, nos manifestamos contra o golpe contra o atual governo federal promovido por políticos conservadores, empresários sem compromisso com o povo e uma mídia manipuladora.

Não compactuamos com quem vai às ruas de camisa amarela com um discurso de ódio, fascista, argumentando o justo “combate à corrupção” mas motivado por interesses privados. Não compactuamos com quem defende a quebra da legalidade para beneficiar a parcela abonada da população, em troca do enfraquecimento do Estado Democrático de Direito pelo qual nós dos movimentos sociais periféricos lutamos ontem, hoje e continuaremos lutando amanhã.

Nós, que sabemos que a democracia real será efetiva apenas com a ampliação de direitos e conquistas de nosso povo preto, periférico e pobre, a partir da esquerda e de baixo pra cima.

Nós, que conquistamos só uma parte do que sonhamos e temos direito, não admitimos retrocesso. Reivindicar o respeito à soberania das urnas e a manutenção do Estado Democrático de Direito. Reivindicamos as ruas enquanto espaço de diálogo, debate e fazer político, mas nunca como território do ódio. Reivindicamos nossa liberdade de expressão, seja ela ideológica, política ou religiosa. Reivindicamos a desmilitarização das polícias, da política e da vida social. Reivindicamos o avanço das políticas públicas, dos direitos civis e sociais.

Não vai ter golpe. Não vai ter luto. Haverá luta!

Assinam este manifesto os grupos, coletivos, organizações e movimentos da sociedade civil, além de cidadãos em geral que subscreveram individualmente:

Abayomi Ateliê
Ação Educativa
Agência Mural de Jornalismo das Periferias
Agencia Popular Solano Trindade Banco Comunitario Uniao Sampaio Observatorio Popular de Direitos
Agenda Preta
Aláfia
Algodão de Fogo
Ninguém Lê
Sessão de Fatos
Aliança Negra Posse
Anomia Coletivo
Associação cultural História em Construção
Associação Cultural Literatura no Brasil
Associação de Arte e Cultura Periferia Invisível
Associação de povos e comunidades Tradicionais de matrizes africanas e Afro brasileira Katina da Silva
Associação dos Moradores do Caranguejo –
Associação Franciscana DDFP
Audácia – Q.I. Alforria
Baobá Arte e Educação
Bloco do Beco
Blog Combate Racismo Ambiental
Blog Inspiração Sustentável
Blog NegroBelchior
Bocada Forte
Brechoteca Biblioteca Popular
Casa do Menor Trabalhador-RJ
Casa Popular de Cultura de M’Boi Mirim
Cia Humbalada de Teatro
Cia Janela do Coletivo
CicloZN
CineBecos
Claudias,Eu?Negra!
Comitê Juventude e Resistência Z/S – SP
Coletivo Brincantes Urbanos
Coletivo Candeia
Coletivo Cultural Marginaliaria
Coletivo Cultural Pic Favela
Coletivo Cultural Sankofa
Coletivo de fotógrafos Lente Quente/Jornalismo UEPG
Coletivo de Negras e Negros EACH
Coletivo Eletro Tintas
Coletivo em Silêncio, Reage Artista
Coletivo Encontro de Utopias
Coletivo FABCINE
Coletivo Juventude Ativa
Coletivo literario Sarau Elo da Corrente
Coletivo Mjiba
Coletivo Muros que Gritam…
Coletivo Perifatividade
Coletivo Pretas Peri
Coletivo R.U.A.
Coletivo Tenda Literária
Coletivo Verde América
Coletivo Voz da Leste
ColetivoFilhas da Luta
Comitê Juventude e Resistência Z/S – SP
Comitê Popular de Santos pela Verdade, Memória e Justiça
Companhia Teatral Sama Elyon
Comunidade Cidadã
Correspondência Poética
DCE Novo Mané – Diretório Central dos Estudante da UTFPR – Campus Londrina
EITA AÇÃO CULTURAL
Expansão CT
Favela, uma foto por dia
FECEB RN
Fome Noise
Fórum Municipal de Trabalhadores do SUAS – Belo Horizonte
Grupo Clarianas
Grupo Clariô de Teatro
Grupo de Coco Semente Crioula
Grupo Pés Esquerdos de Teatro Feminista
Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo
Guardiões Griô
Imargem
Jornal Vozes da Vila Prudente
jornalistas livres
Juventude Politizada Parelheiros
Kilombagem
labExperimental.org
Levante Popular da Juventude
MAP (Movimento Aliança da Praça)
MASSAPEARTS
Movimento Cultural Ermelino Matarazzo
Movimento Cultural Grajau
Movimento Hip-Hop Organizado (MH2O)
Movimento Independente Mães de Maio
MQG
Núcleo de Direitos Humanos da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo
Núcleo de ensino, pesquisa e extensão Conexões de Saberes na UFMG
Núcleo Mulheres Negras
Nuraaj – núcleo de referência em atenção à adolescência e à juventude – Instituto Sedes Sapientiae
Observatório da Juventude – Zona Norte
Parceiros em Luta
Periferia em Movimento
Piratas Urbanos
Praçarau
Projeto Tipo Ubuntu
Quilombacão
Quilombação
Raiz criola
Rede Liberdade
Rede Pipa
Rede Popular de Cultura Mboi Campo Limpo
Rodas de leitura
Samantha
SAMBAQUI
São Mateus em Movimento
Sarau do Grajaú
Sarau do Pira
Sarau O que dizem os Umbigos?!
Sarau Preto
Sarauzim Mesquiteiros
Shabazz Empire
TRÓPIS iniciativas socioculturais
Uneafro Brasil

Como faço para assinar o Manifesto?

Nome de quem assina o manifesto individualmente (Militante, artista ou cidadão em geral)
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Nome do grupo, coletivo, movimento, organização que assina o manifesto coletivamente
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Nota Pública sobre as ações policiais no Fundão do Ipiranga

panico nas ruas

Nós, do Coletivo Perifatividade, coletivo cultural que atua desde 2010 nos diversos bairros da região “Fundão do Ipiranga” faz esta nota pública para relato e reflexão da atuação policial que ocorreu no dia 01/03/2015, porém que vem ocorrendo com certa continuidade aos finais de semana.

No domingo passado, primeiro dia de março deste ano, o Coletivo Perifatividade participa juntamente com o grupo de rap Pânico Brutal, o Projeto Crack Zero e diversos militantes culturais e comunidade, do evento “Pânico nas Ruas”, ocorrido na quadra da Vila da Paz. Evento bonito e importantíssimo para a cultura e região, trouxe mulheres de fibra para debaterem sobre o machismo, cantarem e apresentarem seus trabalhos artísticos. Um evento do qual temos orgulho em sermos parceiros.

Na última apresentação da noite, algumas pessoas que organizavam o mesmo souberam de uma ação para a dispersão de um baile funk duas ruas para cima de onde acontecia nosso evento, e para isto, policiais estariam munidos de balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio. Um integrante de nosso coletivo se dirige ao bar em frente à quadra para usar o banheiro, e quando sai deste, vê policiais agredindo dois meninos que, para fugir dos mesmos, correram e entraram neste bar. O integrante questiona a ação do policial, e este o agride com cassetetes na cabeça, ombros, mãos, costas e quadris por diversas vezes.

Os policiais então se dirigem à quadra para “conversar” (conversa em tom arbitrário e agressivo) com os organizadores do evento. Sendo questionados pela agressão gratuita e sem motivação alguma, se enfurecem, e ao ouvirem a frase “Tem que tomar rajada” de um indivíduo, correm atrás de outro, pois ele tem o fenótipo padrão para repressão policial (jovem negro, num evento na periferia).

O integrante, ao dar entrada no hospital, para ser examinado e medicado pelas escoriações e hematomas sofridos, é informado pela atendente do mesmo que só naquele período era a quarta entrada no hospital por agressões policiais. Nosso integrante não teve nada mais grave e passa bem. Mas – não é de hoje – sabemos que este não é o destino de muitos jovens na periferia de São Paulo e do Brasil, devido à abuso de autoridade, pré conceitos, e a política higienista que este governo decreta, de forma cada vez mais contundente.

Devemos lembrar que o mesmo baile funk que acontece no Parque Bristol, também acontece na Vila Madalena, com as dores e as delícias de um baile: diversão, música, bebidas e drogas. Mas o resultado na Vila Madalena e no Parque Bristol é o mesmo? As abordagens policiais são as mesmas? A visão do jovem frequentador do baile funk do Parque Bristol e da Vila Madalena é a mesma pela polícia? Em qual destes dois bairros, o véu do racismo, da política higienista e genocida sobressai nos jovens, em especial os negros?

O que aconteceu com um dos nossos nos revolta, e nos deixa indignado sim. Somos trabalhadores, educadores culturais e sociais, militantes por um bairro mais consciente, com mais educação, cultura, saúde e principalmente empoderado da luta pelos seus direitos. E mesmo que não fôssemos. Ninguém merece ser agredido e humilhado na rua de sua casa, de seu trabalho cultural. Mas o que mais nos toca é que esta violência é com vários e várias. É todo dia, é cotidiana, mas não pode ser só mais um fato do cotidiano.

Não podemos mais aceitar a violência gratuita como algo natural. Deixamos esta nota em aberto para coletivos e pessoas que quiserem assinar.

O Fundão do Ipiranga pede socorro!! Casos de violência policial no Parque Bristol continuam sem solução!

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Via: Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos

Entidades entregam hoje dossiê na Secretaria de Segurança Pública pedindo posicionamento

Após assassinato do policial militar Edson Santos da Silva, no dia de 18 de outubro, na região do Parque Bristol, diversos casos de violência policial vêm sendo relatados no local e em bairros próximos como Jardim São Savério, Jardim Celeste, Vila Cristina e Vila da Paz. Depois do ocorrido, os policiais decidiram fazer justiça com as próprias mãos, incluindo agressões físicas, ameaças a moradores com arma de fogo, arrombamento de moradias e destruição de móveis. Há denúncias de torturas e de um desaparecimento, além do possível envolvimento dos policiais na morte de um jovem, que necessita apuração por parte da Secretaria de Segurança Pública.

Bruno Lúcio da Rocha, a primeira vítima, desapareceu entre os dias 18 e 19 de outubro e foi visto em uma viatura das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA). Na noite do dia 21 de outubro, parentes encontraram seu corpo no IML. Luciano Santos Meneses foi visto na mesma viatura com Bruno, mas, desde então está desaparecido. Uma moradora relata que já procurou seu corpo em todas as unidades do IML da cidade, sem sucesso.

Moradores relatam também que tiros foram disparados dentro de um centro comunitário chamado Maloca, no dia 19 de outubro. Lá, uma pessoa teria sido baleada, mas os moradores foram impedidos por policiais de acessar a pessoa, que até o momento não foi identificada.

Uma reunião está marcada para hoje, às 17h, na Secretaria de Segurança Pública (Rua Líbero Badaró, 39 – Centro), onde um dossiê será entregue para Eduardo Dias, assessor do Secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, pedindo:

1- Investigação sobre as mortes e desaparecimentos de modo a verificar se há ligações entre as mortes e a ações destes policiais e se há outra motivação;

2- Levantamento de todas as viaturas que promovem ações ostensivas na região do Parque Bristol para verificar e punir as violações de direitos humanos;

3- Investigação sobre a morte de Bruno Lúcio da Rocha e realizar buscas para encontrar Luciano Santos Meneses de modo a verificar as motivações dessa morte e o desaparecimento de Luciano;

4- Investigar as agressões, as invasões de domicilio e as ameaças contras crianças e moradores na região do Parque Bristol, do Jardim São Savério, da Vila Cristina e do Jardim Celeste;

5- Cessar imediata e completamente o toque de recolher que tem sido imposto aos moradores pelos policiais.

O documento também será enviado para: Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Secretaria-Geral da Presidência da República, Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, CONDEPE (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), Defensoria Pública de São Paulo, Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público, Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo e da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, Ouvidoria da Polícia Militar.

Está difícil (para Bruno, Luciano e os meninos do Fundão do Ipiranga)

Por: Ana Fonseca

Está difícil pensar nas coisas,
Está difícil pensar nas contas,
Está difícil pensar nas festas
Está difícil pensar na balada,
Na risada,
Se na quebrada,
Se vão meninos, mortos, torturados, espancados
Por nada.
Está difícil pensar na próxima reunião,
Horários baterem então?
Está difícil pensar na falta d’água
Se pra mãe do Bruno lhe falta o filho.
Está difícil pensar nas chaves
Está difícil pensar nas trancas
Se o coturno do mal invade minha porta.
Não posso mais ter uma vida de novela,
Não posso mais ter uma vida de estética,
Ser alienada seria mais fácil, porém…
O filme,~não~,
A vida de terror está fincada.
Ali, no Parque Bristol. No Savério.
Do lado de casa.