
Via: Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos
Entidades entregam hoje dossiê na Secretaria de Segurança Pública pedindo posicionamento
Após assassinato do policial militar Edson Santos da Silva, no dia de 18 de outubro, na região do Parque Bristol, diversos casos de violência policial vêm sendo relatados no local e em bairros próximos como Jardim São Savério, Jardim Celeste, Vila Cristina e Vila da Paz. Depois do ocorrido, os policiais decidiram fazer justiça com as próprias mãos, incluindo agressões físicas, ameaças a moradores com arma de fogo, arrombamento de moradias e destruição de móveis. Há denúncias de torturas e de um desaparecimento, além do possível envolvimento dos policiais na morte de um jovem, que necessita apuração por parte da Secretaria de Segurança Pública.
Bruno Lúcio da Rocha, a primeira vítima, desapareceu entre os dias 18 e 19 de outubro e foi visto em uma viatura das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA). Na noite do dia 21 de outubro, parentes encontraram seu corpo no IML. Luciano Santos Meneses foi visto na mesma viatura com Bruno, mas, desde então está desaparecido. Uma moradora relata que já procurou seu corpo em todas as unidades do IML da cidade, sem sucesso.
Moradores relatam também que tiros foram disparados dentro de um centro comunitário chamado Maloca, no dia 19 de outubro. Lá, uma pessoa teria sido baleada, mas os moradores foram impedidos por policiais de acessar a pessoa, que até o momento não foi identificada.
Uma reunião está marcada para hoje, às 17h, na Secretaria de Segurança Pública (Rua Líbero Badaró, 39 – Centro), onde um dossiê será entregue para Eduardo Dias, assessor do Secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, pedindo:
1- Investigação sobre as mortes e desaparecimentos de modo a verificar se há ligações entre as mortes e a ações destes policiais e se há outra motivação;
2- Levantamento de todas as viaturas que promovem ações ostensivas na região do Parque Bristol para verificar e punir as violações de direitos humanos;
3- Investigação sobre a morte de Bruno Lúcio da Rocha e realizar buscas para encontrar Luciano Santos Meneses de modo a verificar as motivações dessa morte e o desaparecimento de Luciano;
4- Investigar as agressões, as invasões de domicilio e as ameaças contras crianças e moradores na região do Parque Bristol, do Jardim São Savério, da Vila Cristina e do Jardim Celeste;
5- Cessar imediata e completamente o toque de recolher que tem sido imposto aos moradores pelos policiais.
O documento também será enviado para: Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Secretaria-Geral da Presidência da República, Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, CONDEPE (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), Defensoria Pública de São Paulo, Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público, Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo e da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, Ouvidoria da Polícia Militar.
Está difícil (para Bruno, Luciano e os meninos do Fundão do Ipiranga)
Por: Ana Fonseca
Está difícil pensar nas coisas,
Está difícil pensar nas contas,
Está difícil pensar nas festas
Está difícil pensar na balada,
Na risada,
Se na quebrada,
Se vão meninos, mortos, torturados, espancados
Por nada.
Está difícil pensar na próxima reunião,
Horários baterem então?
Está difícil pensar na falta d’água
Se pra mãe do Bruno lhe falta o filho.
Está difícil pensar nas chaves
Está difícil pensar nas trancas
Se o coturno do mal invade minha porta.
Não posso mais ter uma vida de novela,
Não posso mais ter uma vida de estética,
Ser alienada seria mais fácil, porém…
O filme,~não~,
A vida de terror está fincada.
Ali, no Parque Bristol. No Savério.
Do lado de casa.
Gostar disto:
Gosto Carregando...